Como você descreveria o seu estilo?
High low de mãos dadas com Upcycling. Gosto demais de garimpar. Garimpo tudo na vida: experiências, roupas, o que como… acredito que autenticidade é verdade. Procuro me vestir e ser assim. Gosto do que é legítimo. Então posso perfeitamente usar uma bolsa feita a partir de um moedeiro de madeira ou uma bolsa de marca. Amo bijoux originais, diferentes, tenho coleções de colares e brincos. Desde colares feitos de lacre de plástico comprado na África do Sul, quanto brincos de esmeralda desenhados pela minha mãe. Evito comprar em lojas que estimulem o fast fashion e tenho predileção por reinventar a função das peças que tenho.
Nos conte um pouco mais sobre a Ad Studio?
O AD.STUDIO é uma loja de móveis e objetos antigos, com olhar contemporâneo, fundada em 2016 com a proposta inédita de desmistificar de maneira inteligente a cultura do antiquariato para uma nova geração. As peças são garimpadas por mim, e ao lado do meu pai Arnaldo Danemberg, percorremos de caminhão diversas cidades da Europa. Ao chegar ao Brasil as peças são cuidadosamente restauradas pela nossa equipe. Nossos três principais pilares são garimpo, restauração e ressignificação (upcycling).
Como é o seu processo criativo?
A minha curadoria está muito ligada aos meus interesses em moda, cinema, fotografia, esportes... Acredito que além da imersão quando estou viajando para garimpar, uma forma de me atualizar é sempre estudar sobre estes assuntos, então faço tutoriais em história da arte, história da moda, além de sempre participar de eventos da cena cultural. A criação é sobre referências: no garimpo meu pai é minha maior referência. Há exatos 40 anos, exerce essa profissão com maestria. Além de antiquário, ele é professor do mobiliário histórico luso-brasileiro. Além dele, tenho como objetivo encontrar peças desenhadas por “construtores de móveis” do início do século XX como o alemão Michael Thonet, o austríaco Josef Kohn, o suíço Emile Baumann entre outros… Já no restauro, não posso deixar de mencionar grandes teóricos da restauração como Viollet-le-Duc e John Ruskin mas quem de fato minhas principais referências são nossos restauradores. Verdadeiros exemplos de excelência no trabalho de conservação e restauração dos móveis.
Na pandemia, a Isolda iniciou o upcycling de tecidos icônicos da marca, excessos de outras coleções que estavam guardadas no acervo ganharam nova vida em itens para o momento em casa. Como é o trabalho de upcycling dos móveis que você faz?
Primamos aqui pela autenticidade, trabalhamos com peças do final do século XIX e do princípio do XX, peças campesinas e de ofício em madeira, ferro, vidro, esportivas, revistas antigas emolduradas e a linha chamada “Gabinete de Curiosidades”, que abrange itens do mundo da gastronomia, esportes, aviação, medicina, automobilismo, fotografia, cinema, publicidade, entre outros, que testemunharam a ebulição da II revolução industrial e que são atualizados em seu uso. A definição de upcycling é elevar a peça a infinitos usos.
O que você mais gosta no seu trabalho?
Gosto de tudo que faço. Costumo dizer que para fazermos algo bem feito, temos que acreditar. Então procuro acreditar em cada etapa, em cada parte do todo. Do garimpo, a reuniões ligadas à gestão do negócio, sejam administrativo-financeiras ou de estratégia e marketing. Criar, é um grande pilar do meu trabalho. Meu maior desafio, e paixão, é criar novos usos para meu acervo e novas propostas de colaboração entre essas pecas tão antigas com marcas contemporâneas, como o que fizemos entre AD.STUDIO e Isolda.
Dicas para decorar a casa?
Meu mote é o upcycling, então eu apostaria em atualizar o uso de alguma peça cheia de memória afetiva, como malas antigas, que podem se transformar em apoio lateral, ou uma composição para mesa de centro, ou ainda uma cadeirinha de criança que, por que não, pode ficar na parede, com uma prateleira. Diria que sempre buscar enxergar possibilidades inusitadas para as peças.
Descubra os looks e decor utilizados por Paloma Danemberg: